É perceptível como os ciclos da moda tem se tornado cada vez mais curtos: estéticas e tendências aparecem e desaparecerem com a mesma rapidez. Todo mundo acaba absorvendo as mesmas referências e, meio que sem perceber, tem vestido as mesmas roupas, usado o mesmo corte de cabelo e o mesmo estilo de maquiagem. a individualidade vai se perdendo no feed e nem percebemos.
(a mini saia da miu miu viralizou, ganhou um instagram só pra ela com posts mostrando as pessoas usando, o curioso é que a maior parte das pessoas usavam a mesma peça de maneiras muito parecidas)
Não é de hoje que esse movimento existe, mas a velocidade em que tudo tem acontecido é assustadora. há mais ou menos 20 anos a fórmula era diferente, essas referências chegavam através da televisão, revistas e filmes - além da cultura pop, de forma geral - as roupas que eram tendências demoravam mais pra chegar nas lojas e, com isso, demoravam mais também para desaparecer. Hoje temos os algoritmos que de certa forma nos permitem acreditar que escolhemos o que vamos ver - que todo aquele conteúdo que aparece só está ali porque correspondem ao que queremos consumir. na verdade, esses algoritmos não são neutros, são projetados com fim comercial e com o intuito de moldar nossas opiniões.
Ou seja, pra você conseguir ver algo realmente diferente e novo, é necessário buscar de uma forma ativa, driblar o algoritmo para que apareça referências inesperadas ou, até mesmo, buscar referências no passado, fora de redes sociais, etc.
Hoje é muito fácil perceber quem é cronicamente online pela forma de se vestir, qual tipo de estética aquela pessoa está empenhada em transparecer ou até pela forma que a pessoa se expressa (gírias, dialetos, memes). esse excesso de tendências e tanta repetição faz com que percamos nosso senso de individualidade, nosso senso de beleza (afinal, belo e feio são concepçoes individuais e construídas pelo meio). Que é, na verdade, a parte mais interessante que a moda traz, a descoberta, a possibilidade de experimentar e entender quem de fato você é, quais são suas referências e qual imagem você quer passar.
Ao compreender tudo isso talvez possamos ter noção de como isso nos afeta como indivíduos - em termos psicológicos, sociais, culturais e filosóficos. Perceber é o primeiro passo antes de tomar decisões sobre como queremos nos expressar como sujeitos no mundo, com nossas próprias opiniões e com orgulho de sermos quem realmente somos.